quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Parto

Pés na lama e uma espessa chuva pesa em minha cabeça.
Os pontos cardeais contidos no horizonte sombrio do horizonte
não são mais um ambiente tão vazio. 
As tardias visões que o ser "eu" costumava presenciar eram tão reais ali.
Só consego sentir o dedo dos céus massageando brutalmente o meu coro cabeludo,
enquanto meus pés comem lama. 
E minhas mãos comiam lama. 
Massageando brutalmente o chão em recompensa. 
Enquanto sinto a lama escorrer pelos dedos,
a brutal chuva lambe minhas costas com sua língua áspera,
e sua respiração ofegante. 
Ou seria a minha?]
Um parto enfim acontece. 
A chuva cessa seu grito. 
Ou será o meu?] 

A lama é a vagina do céu.

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